A Banda Musical Lanhelense juntou os seus componentes (61), sócios e amigos no já habitual Almoço de Natal, no ano em que completou 160 anos de existência.

Os tempos não estão fáceis para as colectividades e o regresso desta confraternização à sua sede natural representou uma economia significativa nos gastos com a confecção do almoço, graças à disponibilidade, boa-vontade e amor à banda por parte de um grupo de cozinheiras e colaboradoras que confeccionaram e serviram o repasto.

Uma das dependências do edifício recentemente renovado serviu para que se improvisasse uma cozinha na qual tudo foi preparado.

Não foi uma experiência nova, tendo em conta que durante as actuações da banda deste ano fora da freguesia, a refeição foi feita previamente e transportada com ela e, dessa forma, “não gastam dinheiro nos restaurantes”, esclareceu Carminda Pereira, mãe de quatro filhos todos “criados” neste ambiente musical muito peculiar e com provas já dadas no panorama nacional e mesmo a nível internacional, sendo que um deles (Márcio Pereira) é o actual maestro da Lanhelense (como gosta de lhe chamar António Vasconcelos, músico da banda, emigrado em França, mas que logo se integra no seu conjunto quando visita a sua terra natal).

A par desta economia conseguida através da dedicação – e inclusivamente sacrifício pessoal – das mães e familiares dos componentes da Banda Lanhelense, os convívios possíveis de realizar ao ar livre como ainda sucedeu no passado Verão em S. Lourenço da Montaria, fortalecem o espírito de entre-ajuda e de camaradagem.

“Depositem confiança em nós”

E é este “bom ambiente existente no seio da instituição e porque fazemos aquilo de que mais gostamos: -a música”, como referiu o presidente da Direcção Simão Silva, que manteve esta filarmónica activa ao longo de todos estes anos.

Este dirigente, entusiasmado com tantos companheiros presentes no convívio natalício, motivados por uma só causa – a Banda, pediu aos representantes das instituições no almoço (Câmara e Junta) que “não nos abandonem”, pondo tónica no facto de “a música é o que dá mais essência à natureza humana”.

Simão Silva aproveitou para solicitar à câmara mais apoio nos transportes para os músicos, recordando também ao vereador Paulo Pereira que ainda não tinham recebido o subsídio de 2009, contribuição essencial ao prosseguimento da actividade da filarmónica.

Sublinhou a importância da Banda Musical Lanhelense como uma “referência de Lanhelas, Caminha e Portugal, terminando a pedir a “união” de todos, pois, acrescentou, “sem o empenho dos músicos nada podemos fazer”, apelando a que “depositem confiança em nós”, dando como exemplo de bairrismo a colaboração das seis cozinheiras e demais colaboradoras, a par dos sócios e amigos presentes.

“É uma família com muitos anos”

“É um orgulho para o município e para todos”, assinalou o vereador Paulo Pereira quando também interveio no final do repasto, que a Banda “mostre um bom trabalho como o que tem desenvolvido”

O autarca enfatizou o “espírito de equipa, cativando a juventude” com que será garantido o futuro da associação, prometendo apoio camarário, embora admitisse que a situação actual não é a melhor. Contudo, incentivou todos a ultrapassar a crise, porque, assegurou, “melhores dias virão”, pedindo um 2011 “com muita alegria e muitos sorrisos”.

Junta reconfirmou apoios

Respondendo ao repto do presidente da Banda, Rui Fernandes, presidente da Junta de Freguesia de Lanhelas, garantiu “prioridade” no apoio a esta filarmónica, destacando o apoio à Escola de Música João Costa e Silva e ao pagamento da electricidade da Casa da Banda.

A despeito das dificuldades previstas em 2011 (“um ano difícil”) , “tudo faremos para que as colectividades sejam apoiadas, assegurou.

Mestre não passou despercebido

Rui Fernandes não deixou passar em claro a presença na Festa da Banda, de Cesário Lagido, antigo professor de música e que “ensinou os primeiros passos na música ao meu filho”, a par de Luís Marrocos, a pessoa mais idosa da freguesia, com 102 anos.

Este destaque dado ao mestre Cesário Lagido, foi de igual modo aproveitado por Márcio Pereira, maestro da banda, a quem endereçou um abraço e, acrescentou, “se hoje sou o que sou, devo-lhe a ele”, formulando votos para que “esteja por cá, por muitas vezes”.

Aproveitando o momento e perante a presença do vereador responsável pela área cultural, tal como tinha feito o presidente da Direcção, Márcio Pereira pediu mais apoio no transporte dos músicos para os ensaios, a par da colaboração em fotocopiadoras, armários e demais apoio logístico.

Aos executantes, pediu mais “aplicação e assiduidade” e, aos “meninos” 40) da escola de música” exigiu de igual maneira uma atenção redobrada nas aulas, porque, recordou, “tiveram ontem a constatação de que não vai ser fácil”.

in caminha2000